Metrópoles
perdem participação no total da população brasileira
Valor Online
Publicado:29/11/10 - 0h00
Atualizado:29/11/10 - 0h00
RIO - O crescimento populacional brasileiro na
última década esteve mais ancorado nas cidades médias do que nas grandes
metrópoles.
A conclusão foi apresentada hoje pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base nos dados do Censo 2010,
que mostra que os municípios com mais de 2 milhões de habitantes respondiam por
14,5% do total da população, contra 14,7% dez anos antes.
Já os municípios com população entre 100 mil e 2
milhões de habitantes viram sua fatia subir de 36,1% em 2000 para 40,3% do
total dos habitantes do país.
"Hoje, o que a gente observa é que áreas que
mais absorvem população no Brasil não são mais as grandes cidades, as grandes
metrópoles, mas na verdade as cidades de porte médio, ou até grandes, mas não
metropolitanas", apontou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.
"Hoje o Brasil tem como característica marcante observada neste censo a
importância demográfica, social e também econômica das cidades de porte
médio", acrescentou.
Nunes citou como exemplo Palmas, que teve uma
elevação de 5,07% ao ano na população nos últimos dez anos, entre as capitais.
Mas o presidente do instituto lembrou que o avanço das cidades médias se dá
também no cinturão do agronegócio, em municípios como Sinop, Sorriso e Lucas do
Rio Verde, todos no Centro-Oeste.
Outro exemplo citado foi o de Rio das Ostras, que
se beneficiou do boom do setor de petróleo no Norte do Estado do Rio de Janeiro
e viu a população subir de 36.419 pessoas em 2000 para 105.757 habitantes este
ano.
O presidente do IBGE citou ainda outro fenômeno
populacional no Brasil, o da interiorização da população. "Quando a gente
começa a analisar as cidades brasileiras que mais crescem, a gente observa que
elas estão justamente nas áreas que são novos polos econômicos do país, principalmente
na região Centro-Oeste", disse Nunes.
Segundo ele, os municípios menores, com menos de
100 mil habitantes, continuam sendo as que mais perdem participação no total de
habitantes do país. Em 2000, essas cidades representavam 48,9% da população do
país, fatia que caiu para 45,3% do total.
"Essas são áreas repulsoras de população. É
dali que nascem fluxos migratórios em direção a outras áreas", explicou.
(Rafael Rosas | Valor)